Livrai-nos de todo o TÉDIO, amém!


Basta um romance de temporada, daqueles sem muito futuro, para que o tédio das nossas vidas tire um pequeno período sabático.
Qualquer esmola de romance já nos liberta das horas extras, do cartão de ponto, do trânsito carregado, do metrô apertado e de toda essa encheção de saco inescapável.
Por isso, não me surpreende que qualquer mulher deseje tanto aproveitar um show, um ensaio, um carnaval ou Copa para estreitar suas relações inusitadas, que suspire por atores em ascensão, músicos, artistas e gringos em geral.
Como era de se esperar, a marmanjada "comum" tem ficado ofendida com tal concorrência 'desleal'. Aquela ladainha machista de sempre tem sido repetida a boca pequena: " A mulherada não pode ver um carinha tocando, atuando num palco, cantando em barzinho ou até ouvir um idioma diferente, uma língua enrolada no ouvido..."

Os atores, musicos e gringos não são melhores do que vocês, que se acham meros mortais. Não é isso...
O que os gringos e nós, musicos, somos, meus amigos, é uma possibilidade de fugir da rotina, da mesmice de namorar com o vizinho, de sair com o colega da firma, de dar uma chance para o amigo do amigo, de flertar com carinha do Tinder...
As garotas (mulheres, meninas, coroas...) sonham com o sujeito que vai livra-las do tédio da vida real. Elas querem o príncipe encantado, aquele que vai chegar montado em um cavalo branco ou, quem sabe, fazendo voz e violão num barzinho ou ainda aboletado na classe econômica de uma compania aérea qualquer - e, que depois de uma paixão fulminante, também possa tirá-las do martírio que é passar uma vida inteira frequentando o mesmo círculo de amigos e conhecidos.
É justo, natural e humano que nossas colegas tirem o Carnaval, os eventos culturais e o mês da Copa para sonhar.
Torço por elas.
O que nós somos, ou melhor, o que nós representamos, é a possibilidade radical para elas de fugir da  própria rotina, das horas de tédio e trabalho.

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