Bebemorar na Lapa + Merda = História para contar.

O título é bem esse mesmo. Não que a Lapa seja uma merda, mas tudo que acontece por lá ou é merda (literalmente) ou dá merda. Se você me conhece pessoalmente sabe que eu tenho um complexo de ansiedade e a cagada é eminente... Sério. Se, por exemplo, vou tocar às 21h, pode apostar que ficarei no banheiro desde as 9h. Pra mim isso é normal, não preciso de muito esforço, porque consegui domesticar meu estômago com unguento de boldo com folha de goiabeira e Imozec.

Bom, como todo Carnaval é aquela chatice televisiva, rumamos meu vizinho e eu pra casa de um amigo meu em Olaria. Chegamos muito depois do planejado, mas foda-se. Afinal, era o meu primeiro dia como músico e bye-bye escritórios... Em muito pouco eu estaria na praia de Copacabana, no quiosque da Brahma, bebendo Brahma Black e logo depois da praia em dia nublado, passearia pelos arcos a procura de um botequim genuíno... Pra quem não sabe, o sonho de vida da maioria dos cariocas é: 1- ter um escritório na Lapa; 2- pegar uma gringa no mesmo local apenas exibindo o corpo malhado; 3- pegar uma gringa na praia de sunguinha.

Pra minha felicidade, já realizei as 3, com exceção da 1 e da 2 (chupa, Geninho!). A 2 eu só excluo porque meu espírito chassi de frango não permite que eu me enquadre nesta categoria, mas na questão sunga consegui me adaptar. Sabe como é, né? Quando se é moleque, você fica usando bermuda o tempo todo achando que todo mundo vai ficar olhando pro seu pau. Mas aí você cresce, adquire maturidade e percebe que não importa se as pessoas vão olhar, o importante é aceitar que é essa mixaria que a gente tem mesmo (que não vai mudar) e dane-se. Não somos atores pornôs, então vambora pra praia só de sunguinha.

Antes de pagar de gatinho na praia, lembrei que precisava passar no departamento de pessoal do meu antigo trabalho que ficava no Centro da cidade. O que eu não contava é que logo depois de sair do DP e estar mui contente de encontrar com o povo na praia, sofreria uma traição do meu estômago. Esse filho da puta me deixa entalado durante a manhã e resolve se manifestar quando eu já tô quase “com o pé na areia da praia”? Vai tomar no cu. Nem tomei café da manhã para evitar maiores transtornos na praia...

Adeus praia! Já tinha me conformado com a idéia de não ir. Telefonei e pedi para os meus amigos não demorarem e irem logo pra Lapa (praticamente do lado de onde eu estava). Rodei a Rua da Carioca toda e sempre recebia a mesma resposta (Não tem banheiro aqui, não!). Será que eles já conheciam a minha fama de arruinador de louças?! Enquanto eu dava aquela seguradinha básica, dentro de mim sentia um terremoto de 18.1 na escala Richter revirar meu estômago e forçar uma saída brusca de coisas que eu não queria. PQP! Eu ia derreter nas calças. E pior: Não iria nem pra Lapa, se isso realmente acontecesse!

Comecei a suar e conversar comigo mesmo para me concentrar. Claro que tinha a opção de voltar no DP, mas do jeito que a coisa tava parecendo que viria, ia ser a pior das opções e nem ia conseguir voltar lá. Cada segundo que passava eu ia envergando cada vez mais para fechar o cu e evitar estragos maiores. Já tava quase virando de ponta-cabeça até que pensei: Mc Donald’s!!!! Mas a PORRA do banheiro estava em manutenção... Saindo de lá quase do avesso, encontro uma colega de escola...

PQP DE NOVO, PORRA! Ela começou a puxar assunto e eu só respondendo com “arrã”, “é”, “claro”… e envergando. Eu estava decidido que por ali (no cu) nada passaria. Ficamos uns 2 minutos conversando e acho que ela foi embora achando que eu era um tarado, porque ficava me contorcendo e levantando só a sunga pra cima. Menor dos problemas, tô nem aí...

Quando ela saiu, tomei a decisão: CORRER! Não dava mais pra segurar, achei um “china”. Eram apenas dois quarteirões que, naquele momento, pareciam uma maratona. Eu corria que nem um FDP e não chegava a lugar algum. Juro que Usain Bolt teria ficado pra trás se a gente tivesse apostando uma corrida. Acho que ele sempre tá com vontade de cagar, por isso consegue bater esses recordes. Fica a dica.

E no meio do caminho dessa corrida louca acontece o inesperado: TRAVEI. Sabe aquelas câmeras lentas de filme? Foi bem isso que comecei a sentir. Sentia o coração bater forte, o suor escorrer, as pernas tremerem e as pessoas se mexerem lentamente. Ao meu redor tudo parou. Fiquei estático por alguns segundos segurando. FODEU! Não teve jeito. Comecei a correr e a ponta do “urubu” bicando e querendo sair de mim o mais rápido possível. Quanto mais eu corria, mais o urubu bicava.

Cheguei no bendito “china” e fui ao banheiro por ele indicado e sem mexer em porta e um pouco antes de sentar já estava sujando a louça... Só depois vi q o banheiro não tinha descarga, eu tinha q ficar curvado pra cagar pois a parte do teto a minha frente ia diminuindo até chegar ao “cagador” e nem tinha luz na porra do banheiro. Tive que cagar com uma parte da porta aberta pra pelo menos as possíveis baratas do local me respeitarem e não subirem pelas minhas pernas achando que eu estava fedendo de morto.

Já que esse assunto estava resolvido, era hora de me limpar. Meus olhos encheram de lágrimas quando perceberam que naquele lugar, além de luz e descarga, também não tinha papel higiênico. Ainda bem que tinha pego o guardanapo do Mc Donald’s antes de sair de lá.

Comecei a tirar da embalagem e prevendo que só esse pedacinho de papel não iria limpar o estrago. O guardanapo acabou e eu comecei a esvaziar os bolsos e, por fim, minha carteira. Tirava o cremutcho aloe & vera cheio de merda com o lenço e jogava na pia. Sem constrangimento. Sério, na minha situação ali isso não importava em nada.

Fiquei 45 minutos no banheiro. Pra dar o toque final de frescor e limpeza, peguei os extratos bancários que sempre guardava na carteira e, até hoje, NUNCA me deixaram na mão. Sei lá o que se faz com extrato bancário, mas pode ter certeza que esse foi o melhor uso. Tirei a bosta, joguei o lenço e os extratos no lixo (minha carteira nunca esteve tão magrinha – e eu também), sequei o suor…

Voltei pra casa, subi pelo elevador de serviço e, pra minha sorte, ninguém encontrou comigo. Fiquei mais 45 minutos no banho pra tirar toda a inhaca e agora estou aqui limpinho e cheirando a Monange, prontinho pra bebemorar meu primeiro dia como músico na Lapa.

Aposto que tudo isso aconteceu porque eu ficava zoando da propaganda da Activia para os meus amigos. Aquelas putas correndo na praia e vem uma outra imbecil perguntar “E aí, amigas, como tá o intestino?”. Como diz uma amiga minha, a vontade era responder: “Ah tá... CU!”.

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