Ômni Bus...
Há muito tempo que não escrevo, porém, ao voltar a andar de ônibus Pelo centro aconteceu um fato que não poderia deixar de relatar e que me remeteu a uma profunda reflexão e lembrar 2 fatos mais antigos. Neste primeiro e-mail falarei de um dos casos. Irei enviar os outros depois de passar o trauma...
Desde já me desculpem os erros de português, para quem tiver disposto a ler tudo, uma boa leitura. Ahhhh, o texto contém algumas palavras de baixo escalão (é assim q se escreve?)...
Após um dia de trabalho e ter passado na OMB para deixar alguns documentos, saio do prédio da Ordem e tenho o direcionamento e firme objetivo de chegar ao ponto de ônibus para logo chegar em casa, só uma coisa que eu havia esquecido, sair de qualquer lugar para ir para o centro do rio entre 7:30h às 9h e voltar do centro do rio de 16:30h às 19:30h é um grande desespero que já começa pelo ponto de ônibus. O ponto como sempre (na Presidente Vargas) estava calmo e sempre parando mais um (o que na hora de chegar o ônibus já está completamente lotado) e o grande problema é que hoje estava um dia nublado e ameaçando chuva. Começou a garoar e o ponto foi começando a aglomerar as pessoas que não trouxeram guarda-chuva e as que estavam com preguiça de abrir, em menos de 1 minuto o ponto de ônibus já parecia um vagão do metrô, todo mundo se apertando com medo da porta fechar. Eu ainda fiquei de fora desse "vagão" por algum tempo e quando a chuva começou a apertar um pouco mais, me ajuntei com os amigos do ponto! Bom, o jeito é ficar todo mundo apertado e prestando muita atenção se seu ônibus aparece, tendo em vista que eu estava esperando o ônibus num ponto em que passam vários ônibus para campo grande, alguns para a ilha do governador e o que estava na minha objetividade, 335 via Brás de Pina. Eis que um cidadão, no meio daquele aglomerado puxa seu guarda-chuva (aquele do tipo “mãe de todos”) e resolve ficar cerca de 2 metros a frente do ponto atrapalhando a visão de todos, neste caso só resta duas opções.
1ª) Esperar o ônibus chegar apertado junto dos colegas sofredores;
2ª) Tomar um pouco de chuva por causa do fdp que resolveu abrir o guarda-chuva na frente de todo mundo e pegar o ônibus na frente dos “colegas” que ficaram no ponto apertados;
Resolvi optar pela segunda opção e pela primeira vez ninguém resolveu vir comigo. Nessas horas ninguém que está a sua volta com seus guarda-chuvas te oferecem um espaço mesmo te vendo ensopar no ponto, muito menos o fdp dono do “mãe de todos”.Em fim, chega ao longe o tão esperado ônibus e você não pode estampar no seu rosto nenhuma reação, pois seria o fim, todos que estão esperando o mesmo ônibus perceberem qualquer tipo de manifestação facial podem tentar passar por cima de você nesta hora. Comecei a calcular aonde o ônibus pararia e já me coloquei a postos, fiz o sinal para o motorista e na leve olhada para trás tive a primeira visão do apocalipse de todas aquelas pessoas ansiando também por um lugar nos celestes bancos do tão esperado ônibus. Após calcular milimetricamente aonde ficaria a porta de entrada do ônibus, o outro que parou a frente (um desses que vai p/ campo grande) resolve arrancar estragando toda a física e matemática que eu tinha gastado para calcular aquele lugar. Agora é a hora das facas e foices, aonde todos se degolam e se matam para conseguir chegar perto da nova posição da porta de entrada do ônibus... espertamente eu corri na rua mesmo enquanto muitos se gladeavam ainda no ponto de ônibus e na calçada, ainda tive que tomar porrada de um gordo e de uma loira que quase me joga para o final da fila de gladiadores.Consegui ser o 3º ou 4º a entrar no ônibus, o meu olhar é de muita alegria vendo aqueles acentos celestes brilhando a espera da minha bunda sentando neles. Como já é de praxe, procuro sempre algum lugar que me dê facilidade de saída, pois eram 18:40h, nesse horário em um ônibus rápido é certeza de problemas na hora de descer, então é melhor se precaver. Me sento e começo a olhar para o rosto de todos os que se gladearam e tentaram ter a mesma sorte que a minha de estar sentadinho ali, próximo a porta de saída. É interessante como a gente sente que tem o poder nas nossas mãos nesta hora. Todos entraram e como já era esperado, nem todos puderam ficar sentados, porém, todo mundo com uma alegria no rosto de ter conseguido entrar neste final de tarde chuvoso.
Dentro do ônibus você pode conhecer o perfil de muitas pessoas se você prestar atenção a sua volta, inclusive você também pode conhecer todo o seu próprio perfil e saber quais as suas reações para cada situação que acontece nesse universo.Eis que ainda estava desfrutando da alegria de ter conseguido um bom lugar e o ônibus parte em direção dos próximos pontos quando no terceiro ou quarto ponto entra uma senhora aparentando ter uns 35 a 40 anos, grávida, com uma bolsa enorme em um braço e uma outra bolsa de presente se põe ao meu lado. Essas pessoas quando chegam perto de você começam a te dar porrada na sua cabeça, ombros e costas até que você “educadamente” (para não tomar mais porrada) peça suas bolsas - Lembrando que é uma estratégia bem ultrapassada mais que ainda funciona - porém há sempre as pessoas que querem mais, querem muito mais e este foi o meu caso, depois de tomar porrada atrás de porrada e ter pedido as bolsas a pessoa vira para mim e diz “não, obrigada, eu quero mesmo é me sentar...” ahhhhh... com um tom irônico, ar debochado, sorriso meia-boca, sobrancelha esquerda levemente caída eu olho para o rosto da cidadã no meio dos seus olhos e digo a ela (esse é “O MOMENTO”, tudo o que você aprendeu na igreja é automaticamente deletado por alguns instantes...) “por que não procura o lugar privativo? Existem nos ônibus 5 lugares, alguns outros 6 lugares, no caso do 335 são 6 lugares privativos e a senhora quer pedir para mim que não estou em um, que eu me levante para a senhora sentar?”... Imediatamente acontece silêncio total dentro do ônibus, e em silêncio ela começa a mexer dentro da bolsa, nenhuma das pessoas que estavam sentadas e também nos lugares privativos (e não tinha nenhum idoso) se mexeram para tentar oferecer o lugar a ela, por alguns instantes pensei que ela ia puxar algum revolver, para minha alegria ela pegou um papel A4 de algum exame que ela fez, colocou no chão e sentou-se na escada de saída do ônibus.
Me ajeitei para tentar então dormir o restante da viagem e o ônibus me para no ponto fiscal, na praça Tiradentes. Pessoas gritando e desesperadas pelo tio da pipoca me fizeram esperar o momento de cochilo, uma das pessoas era a grávida da porta, num vem e vai alguém grita p/ o tio “duas mistas” ele volta com as duas nas mãos, a pessoa paga e ela diz a ele novamente “agora uma toda salgada” quando volta o tio da pipoca, no meio do lamaçal da Tiradentes, toma um tombo fenomenal que ganha de qualquer vídeo cacetada do Faustão, pipoca para um lado, tio da pipoca em baixo do ônibus, mãozinha pedindo socorro, o ônibus em choro de riso e a mulher grávida quase tendo o filho prematuramente de tanto riso por conta do tombo. A paz volta a reinar dentro do ônibus!!
Volto a bocejar e entrar em estado de alfa e já chegando ao portão da terra do cochilo ouço uma batucada “Tum, tum, tchi, tum, tum, tum” começa a festa, uma grande farra de sexta-feira, a pior coisa que pode acontecer para alguém com sono, um pagode se formando, puxado pelo trocador do ônibus. Aí não há alguém que possa dormir com um ônibus todo animado de pessoas em clima de sexta cantarolando e batucando teto, caderno e o que mais esteja na frente, são 19:20h e só agora chegamos na Leopoldina, o sofrimento está acabando, são só mais 15 minutos quando chega na perimetral. Depois de ouvir todos os pagodes antigos de conhecimento global (só eu conhecia 85% do repertório) chegamos ao meu destino, graaaaaaaaaaaças a Deus, Ensaio no estudio (nunca fiquei tão contente de descer de um ônibus para ensaiar...)!!! Desço do ônibus e o que eu vejo? Se eu tivesse esperado mais 5 minutos não teria passado por nenhum sofrimento, logo atrás do ônibus do desespero outro 335 praticamente vazioooooooooooooo e 90% das pessoas dormindo. Já aprendi com este erro e tão cedo não entro em 335 lotado... espero o próximo.
Grande abraço!!
Desde já me desculpem os erros de português, para quem tiver disposto a ler tudo, uma boa leitura. Ahhhh, o texto contém algumas palavras de baixo escalão (é assim q se escreve?)...
Após um dia de trabalho e ter passado na OMB para deixar alguns documentos, saio do prédio da Ordem e tenho o direcionamento e firme objetivo de chegar ao ponto de ônibus para logo chegar em casa, só uma coisa que eu havia esquecido, sair de qualquer lugar para ir para o centro do rio entre 7:30h às 9h e voltar do centro do rio de 16:30h às 19:30h é um grande desespero que já começa pelo ponto de ônibus. O ponto como sempre (na Presidente Vargas) estava calmo e sempre parando mais um (o que na hora de chegar o ônibus já está completamente lotado) e o grande problema é que hoje estava um dia nublado e ameaçando chuva. Começou a garoar e o ponto foi começando a aglomerar as pessoas que não trouxeram guarda-chuva e as que estavam com preguiça de abrir, em menos de 1 minuto o ponto de ônibus já parecia um vagão do metrô, todo mundo se apertando com medo da porta fechar. Eu ainda fiquei de fora desse "vagão" por algum tempo e quando a chuva começou a apertar um pouco mais, me ajuntei com os amigos do ponto! Bom, o jeito é ficar todo mundo apertado e prestando muita atenção se seu ônibus aparece, tendo em vista que eu estava esperando o ônibus num ponto em que passam vários ônibus para campo grande, alguns para a ilha do governador e o que estava na minha objetividade, 335 via Brás de Pina. Eis que um cidadão, no meio daquele aglomerado puxa seu guarda-chuva (aquele do tipo “mãe de todos”) e resolve ficar cerca de 2 metros a frente do ponto atrapalhando a visão de todos, neste caso só resta duas opções.
1ª) Esperar o ônibus chegar apertado junto dos colegas sofredores;
2ª) Tomar um pouco de chuva por causa do fdp que resolveu abrir o guarda-chuva na frente de todo mundo e pegar o ônibus na frente dos “colegas” que ficaram no ponto apertados;
Resolvi optar pela segunda opção e pela primeira vez ninguém resolveu vir comigo. Nessas horas ninguém que está a sua volta com seus guarda-chuvas te oferecem um espaço mesmo te vendo ensopar no ponto, muito menos o fdp dono do “mãe de todos”.Em fim, chega ao longe o tão esperado ônibus e você não pode estampar no seu rosto nenhuma reação, pois seria o fim, todos que estão esperando o mesmo ônibus perceberem qualquer tipo de manifestação facial podem tentar passar por cima de você nesta hora. Comecei a calcular aonde o ônibus pararia e já me coloquei a postos, fiz o sinal para o motorista e na leve olhada para trás tive a primeira visão do apocalipse de todas aquelas pessoas ansiando também por um lugar nos celestes bancos do tão esperado ônibus. Após calcular milimetricamente aonde ficaria a porta de entrada do ônibus, o outro que parou a frente (um desses que vai p/ campo grande) resolve arrancar estragando toda a física e matemática que eu tinha gastado para calcular aquele lugar. Agora é a hora das facas e foices, aonde todos se degolam e se matam para conseguir chegar perto da nova posição da porta de entrada do ônibus... espertamente eu corri na rua mesmo enquanto muitos se gladeavam ainda no ponto de ônibus e na calçada, ainda tive que tomar porrada de um gordo e de uma loira que quase me joga para o final da fila de gladiadores.Consegui ser o 3º ou 4º a entrar no ônibus, o meu olhar é de muita alegria vendo aqueles acentos celestes brilhando a espera da minha bunda sentando neles. Como já é de praxe, procuro sempre algum lugar que me dê facilidade de saída, pois eram 18:40h, nesse horário em um ônibus rápido é certeza de problemas na hora de descer, então é melhor se precaver. Me sento e começo a olhar para o rosto de todos os que se gladearam e tentaram ter a mesma sorte que a minha de estar sentadinho ali, próximo a porta de saída. É interessante como a gente sente que tem o poder nas nossas mãos nesta hora. Todos entraram e como já era esperado, nem todos puderam ficar sentados, porém, todo mundo com uma alegria no rosto de ter conseguido entrar neste final de tarde chuvoso.
Dentro do ônibus você pode conhecer o perfil de muitas pessoas se você prestar atenção a sua volta, inclusive você também pode conhecer todo o seu próprio perfil e saber quais as suas reações para cada situação que acontece nesse universo.Eis que ainda estava desfrutando da alegria de ter conseguido um bom lugar e o ônibus parte em direção dos próximos pontos quando no terceiro ou quarto ponto entra uma senhora aparentando ter uns 35 a 40 anos, grávida, com uma bolsa enorme em um braço e uma outra bolsa de presente se põe ao meu lado. Essas pessoas quando chegam perto de você começam a te dar porrada na sua cabeça, ombros e costas até que você “educadamente” (para não tomar mais porrada) peça suas bolsas - Lembrando que é uma estratégia bem ultrapassada mais que ainda funciona - porém há sempre as pessoas que querem mais, querem muito mais e este foi o meu caso, depois de tomar porrada atrás de porrada e ter pedido as bolsas a pessoa vira para mim e diz “não, obrigada, eu quero mesmo é me sentar...” ahhhhh... com um tom irônico, ar debochado, sorriso meia-boca, sobrancelha esquerda levemente caída eu olho para o rosto da cidadã no meio dos seus olhos e digo a ela (esse é “O MOMENTO”, tudo o que você aprendeu na igreja é automaticamente deletado por alguns instantes...) “por que não procura o lugar privativo? Existem nos ônibus 5 lugares, alguns outros 6 lugares, no caso do 335 são 6 lugares privativos e a senhora quer pedir para mim que não estou em um, que eu me levante para a senhora sentar?”... Imediatamente acontece silêncio total dentro do ônibus, e em silêncio ela começa a mexer dentro da bolsa, nenhuma das pessoas que estavam sentadas e também nos lugares privativos (e não tinha nenhum idoso) se mexeram para tentar oferecer o lugar a ela, por alguns instantes pensei que ela ia puxar algum revolver, para minha alegria ela pegou um papel A4 de algum exame que ela fez, colocou no chão e sentou-se na escada de saída do ônibus.
Me ajeitei para tentar então dormir o restante da viagem e o ônibus me para no ponto fiscal, na praça Tiradentes. Pessoas gritando e desesperadas pelo tio da pipoca me fizeram esperar o momento de cochilo, uma das pessoas era a grávida da porta, num vem e vai alguém grita p/ o tio “duas mistas” ele volta com as duas nas mãos, a pessoa paga e ela diz a ele novamente “agora uma toda salgada” quando volta o tio da pipoca, no meio do lamaçal da Tiradentes, toma um tombo fenomenal que ganha de qualquer vídeo cacetada do Faustão, pipoca para um lado, tio da pipoca em baixo do ônibus, mãozinha pedindo socorro, o ônibus em choro de riso e a mulher grávida quase tendo o filho prematuramente de tanto riso por conta do tombo. A paz volta a reinar dentro do ônibus!!
Volto a bocejar e entrar em estado de alfa e já chegando ao portão da terra do cochilo ouço uma batucada “Tum, tum, tchi, tum, tum, tum” começa a festa, uma grande farra de sexta-feira, a pior coisa que pode acontecer para alguém com sono, um pagode se formando, puxado pelo trocador do ônibus. Aí não há alguém que possa dormir com um ônibus todo animado de pessoas em clima de sexta cantarolando e batucando teto, caderno e o que mais esteja na frente, são 19:20h e só agora chegamos na Leopoldina, o sofrimento está acabando, são só mais 15 minutos quando chega na perimetral. Depois de ouvir todos os pagodes antigos de conhecimento global (só eu conhecia 85% do repertório) chegamos ao meu destino, graaaaaaaaaaaças a Deus, Ensaio no estudio (nunca fiquei tão contente de descer de um ônibus para ensaiar...)!!! Desço do ônibus e o que eu vejo? Se eu tivesse esperado mais 5 minutos não teria passado por nenhum sofrimento, logo atrás do ônibus do desespero outro 335 praticamente vazioooooooooooooo e 90% das pessoas dormindo. Já aprendi com este erro e tão cedo não entro em 335 lotado... espero o próximo.
Grande abraço!!